Conceito de lavagem de dinheiro
Lavagem de dinheiro consiste em qualquer prática que visa ocultar ou disfarçar a origem ilícita de recursos financeiros. É uma forma de branqueamento de capitais, por meio da qual os recursos obtidos ilegalmente são convertidos em ativos lícitos.
Em geral, as operações de lavagem de dinheiro envolvem a transferência de fundos ilegais para contas bancárias em outros países, ou a compra de bens ou ativos que podem ser usados para disfarçar a origem dos fundos.
Lavagem de dinheiro pelo mundo
Em outubro de 2005, o deputado americano Tom DeLay foi acusado de lavagem de dinheiro, o que o obrigou a renunciar ao cargo de presidente da câmara. A lavagem de dinheiro é uma acusação séria. Em 2001, os promotores americanos proferiram quase 900 julgamentos, com sentenças em média de 6 anos. Somente no Brasil, a Polícia Federal abriu 919 inquéritos policiais contra suspeitos de lavagem de dinheiro em 2005.O crescimento dos mercados financeiros globais torna a lavagem de dinheiro mais fácil do que nunca, países que impõem sigilo bancário estão diretamente ligados a países cujas leis exigem relatórios, permitindo que dinheiro “sujo” seja depositado anonimamente em um país e depois transferido para outro país para uso.
Como acontece a lavagem de dinheiro
A lavagem de dinheiro ocorre em quase todos os países do mundo, e um arranjo simples geralmente envolve a movimentação de dinheiro entre vários países para ocultar sua origem. Neste artigo, aprenderemos o que exatamente é a lavagem de dinheiro e por que ela é necessária, quem lava dinheiro e como, e quais medidas as autoridades tomam para prevenir esse tipo de atividade.
Simplificando, a lavagem de dinheiro é uma maneira de fazer o dinheiro da “fonte A” parecer que veio da “fonte B”. Na prática, os criminosos tentam disfarçar a origem do dinheiro obtido em atividades ilegais para que pareça ter sido obtido de fontes legítimas. Caso contrário, eles não podem usar o dinheiro porque estaria relacionado a atividades criminosas e a polícia o impediria.
Os criminosos que mais precisam de lavagem de dinheiro são traficantes de drogas, estelionatários, políticos corruptos, funcionários do governo, membros de gangues, terroristas e fraudadores. Os traficantes de drogas precisam de bons sistemas de lavagem porque lidam quase exclusivamente com dinheiro, o que cria todo tipo de problema logístico. O dinheiro não só atrai a atenção da polícia, como também é pesado. Um milhão de dólares em cocaína pesa cerca de 20kg, enquanto um milhão de dólares em notas pesa cerca de 110kg.
Etapas da lavagem de dinheiro
O processo básico de lavagem de dinheiro consiste em três etapas:
Colocação
Nesta etapa, o criminoso investe o dinheiro sujo em uma instituição financeira legítima. Isso geralmente assume a forma de um depósito bancário em dinheiro. Esta é uma etapa mais arriscada no processo de lavagem porque grandes somas de dinheiro atraem muita atenção e os bancos precisam relatar transações de alto valor. É por isso que muitos fazem pequenos depósitos para não chamar a atenção.
Ocultação
Envia dinheiro através de várias transações financeiras para alterar sua forma e dificultar o rastreamento. A ocultação pode ser feita por meio de várias transferências de um banco para outro; transferências bancárias entre várias contas de diferentes pessoas em diferentes países; fazer depósitos e saques para alterar o saldo da conta; troque moeda e compre coisas caras (barcos, casas, carros, diamantes) para mudar a forma de dinheiro. Esta é a etapa mais difícil do programa de lavagem e visa tornar o mais difícil possível rastrear a origem do dinheiro sujo.
Integração
isto é, quando o dinheiro é legalmente incorporado de volta ao sistema econômico – parece originar-se de uma transação legítima. Isso pode ser feito por transferência bancária para a conta de uma empresa local, onde o criminoso “investe” em troca uma parte dos lucros; da venda de um iate adquirido durante a fase de ocultação; ou compre uma chave de fenda de US$ 10 milhões de uma empresa de propriedade do criminoso. Nesse ponto, o criminoso pode gastar o dinheiro sem ser pego em flagrante. É muito difícil pegar um criminoso nas etapas iniciais se não houver documento nas etapas anteriores.
A lavagem de dinheiro é uma etapa vital para o sucesso da atividade terrorista e do tráfico de drogas, sem falar no crime de colarinho branco, e muitas organizações estão tentando resolver o problema. Nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça, o Departamento de Estado, o FBI, o Internal Revenue Service e o Drug Enforcement Administration (DEA) têm unidades que investigam a lavagem de dinheiro e as estruturas financeiras que apoiam a prática. No Brasil, o Ministério da Justiça coordena o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, que reúne cerca de 50 órgãos federais, estaduais e municipais para traçar políticas conjuntas de combate ao tráfico. Além disso, o Brasil possui acordos bilaterais com diversos países, como Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, França, Itália, Peru, Coreia do Sul e Portugal.
Como os sistemas financeiros globais desempenham um papel importante nos sistemas de lavagem de dinheiro mais importantes, a comunidade internacional luta contra a lavagem de dinheiro de várias maneiras, como a Força-Tarefa de Ação Financeira (GAFI/ATF), que em 2005 contava com 33 membros, incluindo países e organizações. As Nações Unidas, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional também possuem departamentos contra a lavagem de dinheiro.
Métodos de lavagem de dinheiro
Em 1996, o economista Franklin Jurado, formado em Harvard, foi preso por “limpar” US$ 36 milhões para o traficante colombiano Jose Santacruz-London. Pessoas que têm muito dinheiro sujo contratam profissionais para lidar com o processo de lavagem. Este é necessariamente um processo complicado: o objetivo é evitar que as autoridades rastreiem a sujeira durante a limpeza.
Várias técnicas de lavagem de dinheiro são conhecidas pelas autoridades e provavelmente muitas outras também são desconhecidas. Aqui estão as mais populares:
Colômbia
Este sistema, que a DEA chama de “o maior centro de lavagem de dinheiro de drogas no Hemisfério Ocidental”, surgiu na década de 1990. Um funcionário colombiano se reuniu com o Departamento do Tesouro dos EUA para discutir a importação ilegal de produtos americanos para a Colômbia usando o mercado negro. Ao refletirem sobre o problema da lavagem de dinheiro do narcotráfico, as autoridades americanas e colombianas analisaram os fatos e constataram que o mesmo mecanismo serve a ambos os propósitos.
Esse arranjo complexo se baseia no fato de que na Colômbia existem empresários – geralmente importadores de produtos internacionais – que precisam de dólares para fazer seus negócios. Para evitar impostos do governo dos EUA sobre a conversão de pesos em dólares e impostos de importação, esses comerciantes podem recorrer a corretores de peso do mercado negro que cobram uma pequena taxa para concluir a transação sem intervenção do governo.
Este é o lado da importação ilegal do esquema. A lavagem de dinheiro funciona assim: um traficante entrega dólares sujos a um corretor colombiano. O corretor então usa os dólares da droga para comprar produtos dos Estados Unidos para importadores colombianos. Quando os importadores recebem os produtos (sem cair no radar do governo) e os vendem em pesos colombianos, eles pagam o corretor com os rendimentos. O corretor então devolve ao traficante a taxa original em pesos (menos a comissão), os dólares sujos desde o início do processo.
Depósitos estruturados
Esse método, também conhecido como smurfing, envolve quebrar grandes somas de dinheiro em quantias menores e menos suspeitas. Nos EUA, esse valor menor deve ser de até US$ 10.000, acima os bancos americanos devem relatar a transação ao governo. No Brasil, o valor é R$ 2 mil por depósito, para pessoa física e de R$ 6 mil para empresas.
Bancos internacionais
Os lavadores de dinheiro geralmente enviam dinheiro através de várias “contas offshore” em países protegidos por sigilo bancário, o que significa que eles permitem operações bancárias anônimas, independentemente do destino. Um sistema complexo pode incluir centenas de transferências de e para bancos estrangeiros. Segundo o FMI, Bahamas, Bahrein, Ilhas Cayman, Hong Kong, Antilhas, Panamá e Cingapura são paraísos fiscais.
- Sistema bancário alternativo
Sistema bancário alternativo
Alguns países asiáticos têm sistemas bancários alternativos legais e estabelecidos que permitem depósitos, saques e transferências sem documentos. Estes são sistemas baseados em confiança, muitas vezes enraizados na antiguidade, que não deixam rastros de papel e operam fora da supervisão do governo. Isso se aplica ao sistema hawala no Paquistão e na Índia e ao sistema fie Chen na China.
Empresas de fachada
São empresas falsas que existem apenas para lavar dinheiro. Elas recebem dinheiro sujo por supostos bens e serviços que na verdade nunca existiram. eles apenas criam a impressão de transações legítimas com faturas e balanços falsos. Muito comum em casos de abuso de verbas públicas no Brasil, como os milhões de reais desviados na Superintendência da Amazônia (Sudam) entre 2000 e 2002.
Investimento em empresas legítimas
Os criminosos às vezes colocam dinheiro sujo em negócios legítimos para lavá-lo. Eles podem usar grandes negócios, como corretores de valores ou cassinos que lidam com tanto dinheiro que o dinheiro sujo desaparece, ou negócios menores que lidam com muito dinheiro vivo, como bares, lava-rápidos, boates ou lojas. Essas empresas são “empresas de frente” que oferecem bens e serviços genuínos, mas cujo objetivo real é lavar o dinheiro do criminoso. Esse método costuma funcionar de duas formas: o criminoso consegue misturar seu dinheiro sujo com o lucro líquido da empresa – nesse caso, a empresa declara uma receita maior do que a receita real de seu negócio legítimo; ou o lavador de dinheiro pode simplesmente esconder o dinheiro sujo nas contas legítimas da empresa, na esperança de que as autoridades não verifiquem os extratos bancários com os demonstrativos financeiros da empresa.
Compra de bilhetes sorteados
Comprar bilhetes premiados de loteria é um tipo diferente de lavagem de dinheiro no Brasil. Com a ajuda de funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF), banco responsável pelo pagamento dos prêmios, os fraudadores conseguem limpar o dinheiro, dizendo que ganharam na loteria. Nesse caso, o funcionário paga o valor do bilhete ao verdadeiro vencedor, enquanto registra em nome do criminoso.
A maioria dos esquemas de lavagem de dinheiro envolve uma combinação desses métodos, embora o mercado de câmbio colombiano seja um ponto em que alguém contrabandeia dinheiro até um corretor. A variedade de ferramentas à disposição dos lavadores de dinheiro torna a prática difícil de controlar, mas de tempos em tempos as autoridades pegam alguns bandidos para chegar ao cerne do sistema. No próximo capítulo, falaremos sobre duas operações de lavagem de dinheiro que foram descobertas por agências policiais nos Estados Unidos.
Lavagem de colarinho branco: Eddie Antar
Na década de 1980, o proprietário da Crazy Eddie’s Electronics, Eddie Antar, desviou milhões de dólares da empresa para escondê-los da Receita Federal. Esse era o plano original, mas ele e seus amigos decidiram que poderiam usar melhor o dinheiro, devolvendo-o como receita para a empresa. Assim, os ativos declarados da empresa aumentariam à medida que se prepara para o IPO. Durante várias viagens a Israel, Antar carregava milhões de dólares amarrados ao corpo e dentro de uma pasta. Aqui está uma breve descrição de como o sistema funciona:
Colocação: Antar fez uma série de depósitos separados em um banco israelense. Durante uma viagem, ele fez até 12 depósitos em um dia.
Camuflagem: Antes que as autoridades americanas ou israelenses percebessem o saldo repentinamente enorme na conta, Antar pediu ao banco israelense que transferisse todo o valor para o Panamá, onde se aplicam as leis de sigilo bancário. A partir desta conta, Antar poderia fazer transferências anônimas para várias contas estrangeiras.
Integração: Antar então gradualmente transferiu fundos dessas contas para a conta legítima da Crazy Eddie’s Eletronics, onde o dinheiro era misturado com dólares de curso legal e registrado como receita.
No final, Crazy Eddie lavou mais de US$ 8 milhões. Seu método aumentou o valor inicial das ações na oferta pública inicial, e a empresa acabou sendo avaliada em US$ 40 milhões, a mais do que valeria sem o sistema de aumento de renda. Antar vendeu suas ações e saiu com lucro de US$ 30 milhões. As autoridades o encontraram em Israel em 1992, ele foi extraditado para os Estados Unidos e condenado a 8 anos de prisão.
Lavagem de dinheiro de drogas: Franklin Jurado
No final dos anos 1980 e início dos anos 1990, o economista Franklin Jurado, formado em Harvard, coordenou a operação de lavagem de dinheiro do traficante colombiano Jose Santacruz-Londono. Seu plano era bastante complicado. Simplificando, a operação funcionou assim:
Colocação: Jurado transferiu dinheiro da venda de drogas nos Estados Unidos para contas no Panamá.
Camuflagem: ele então transferiu dinheiro do Panamá para mais de 100 contas em 68 bancos em países europeus, sempre com valores inferior a US$ 10.000 para não levantar suspeita, As contas estavam em nomes de fantasmas, das amantes e familiares de Santacruz-Londono. Jurado então montou empresas de fachada na Europa para documentar o dinheiro como renda legítima.
Integração: O plano era enviar o dinheiro para a Colômbia, onde Santacruz-Londono o usaria para financiar seus vários negócios legítimos. Mas Jurado foi pego.
No total, Jurado lavou US$ 36 milhões do dinheiro das drogas por meio de instituições financeiras legítimas. O esquema de Jurado foi exposto quando um banco em Mônaco faliu, e uma auditoria mais tarde descobriu várias contas originárias de Jurado. Ao mesmo tempo, o vizinho de Jurado em Luxemburgo apresentou uma reclamação de ruído porque Jurado tinha uma máquina de contagem de dinheiro funcionando a noite toda. Magistrados começaram a investigar e um tribunal de Luxemburgo o condenou por lavagem de dinheiro. Enquanto cumpria sua pena em Luxemburgo, ele também foi condenado por um tribunal americano e sentenciado a 7 anos e meio de prisão.
Quando as autoridades conseguem impedir um esquema de lavagem de dinheiro, os lucros são enormes, levando a prisões, confisco de dinheiro e bens sujos e, às vezes, ao desmantelamento da quadrilha. No entanto, a maioria dos programas de lavagem de dinheiro passa despercebida e as grandes operações causam sérios danos à saúde econômica e social.
Efeitos da lavagem de dinheiro
Dependendo de qual agência internacional você perguntar, descobrirá que os criminosos lavam cerca de US$ 500 bilhões a US$ 1 trilhão em todo o mundo todos os anos. O impacto global são os desequilíbrios sociais, econômicos e de segurança. Em um nível sociocultural, lavar dinheiro com sucesso significa que a atividade criminosa compensa e incentiva os criminosos a continuar com seus esquemas ilegais, pois eles podem gastar seus lucros sem sofrer consequências. Isso significa mais fraude e administração fraudulenta (ou seja, mais trabalhadores perdendo suas pensões quando o negócio quebra), mais drogas nas ruas, crimes relacionados a drogas, recursos policiais esgotados e consternação geral entre os empresários que não infringem a lei e cujas empresas não cheguem perto de lucros criminosos.
Os danos econômicos ocorrem em maior escala. Os países em desenvolvimento geralmente enfrentam muitos problemas com a lavagem de dinheiro moderna, à medida que os governos continuam a desenvolver regulamentações para seus setores financeiros recém-privatizados. Isso os torna alvos perfeitos. Na década de 1990, vários bancos nos países bálticos em desenvolvimento se viram com enormes e muito comentados depósitos de dinheiro sujo.
Os clientes do banco retiraram seu dinheiro limpo por medo de perdê-lo se os bancos fossem investigados e o seguro perdido. Os bancos quebraram. Outros problemas na economia mundial são erros de política econômica resultantes de setores financeiros artificialmente inflados. Grandes fluxos de dinheiro entrando em certos setores da economia, favoráveis aos lavadores de dinheiro, criam uma falsa demanda, e o governo responde a essa nova demanda ajustando as políticas econômicas. Quando o processo de lavagem chega a um certo ponto, ou quando a polícia se interessa, o dinheiro desaparece repentinamente sem motivo econômico previsível e o setor entra em colapso.
Perda da Receita
No nível local, várias questões se relacionam com a tributação e a concorrência entre as pequenas empresas. O dinheiro lavado geralmente não paga impostos, então, no final, todos nós temos que compensar a perda de receita tributária. Além disso, as pequenas empresas legítimas não podem competir com empresas de lavagem de dinheiro que podem vender produtos a preços muito mais baixos porque seu principal objetivo é lavar dinheiro e não obter lucro. Eles têm tanto fluxo de caixa que podem até vender um produto ou serviço abaixo do custo.
Além dessas consequências, a lavagem de dinheiro repassado por entes públicos reduz claramente os investimentos do estado em projetos importantes para a economia, como projetos sociais e educacionais, criação de infraestrutura suficiente, fornecimento de instituições públicas.
A maioria das investigações globais se concentra em duas áreas principais de lavagem de dinheiro: tráfico de drogas e organizações terroristas. O resultado da lavagem de dinheiro é simples: mais drogas, crime e violência. A conexão entre lavagem de dinheiro e terrorismo pode ser um tanto complicada, mas desempenha um papel fundamental na resiliência das organizações terroristas. A maioria das pessoas que financiam organizações terroristas não preenchem cheques e puramente os entregam a um membro do grupo terrorista. Eles enviam dinheiro por meio de canais complicados, permitindo o patrocínio terrorista e mantendo o anonimato. Por outro lado, os terroristas não usam cartões de crédito ou cheques para comprar armas, passagens aéreas ou a ajuda civil de que precisam para realizar seu plano. Eles lavam o dinheiro para que as autoridades não possam rastreá-lo e impedir o ataque planejado. Interromper o processo de lavagem pode conter o financiamento de grupos terroristas.
Combate a lavagem de dinheiro
Rastrear a origem de cada depósito é uma tarefa assustadora, pois cerca de 700.000 transferências são feitas em todo o mundo todos os dias. Qual dinheiro é sujo e qual é limpo? Nos Estados Unidos, o governo utiliza dois métodos principais para detectar e combater a lavagem de dinheiro: a lei e a polícia.
Os Estados Unidos tratam o crime de lavagem de dinheiro em diversas leis. Alguns deles são:
Lei de sigilo bancário (1970)
– Fundamentalmente elimina transações bancárias anônimas nos Estados Unidos. Dá ao Ministério das Finanças o poder de obrigar os bancos a manter registros que facilitem o monitoramento da lavagem de dinheiro. Isso inclui relatar todas as transações únicas acima de US$ 10.000 e várias transações totalizando mais que US$ 10.000 em uma única conta no mesmo dia. Um banqueiro que violar sistematicamente esta regra pode ser punido com 10 anos de prisão.
Lei de controle da lavagem de dinheiro (1986)
Faz da lavagem de dinheiro seu próprio crime, não apenas parte de outro crime.
Lei de supressão da lavagem de dinheiro (1994)
Força os bancos a criar suas próprias forças-tarefa para erradicar atividades suspeitas em suas instituições. A US PATRIOT Act de 2001 exige a identificação de cheques de clientes de bancos americanos e fornece recursos para rastrear transações em sistemas bancários alternativos frequentemente usados por agentes de financiamento do terrorismo.
Além das leis que visam detectar a lavagem de dinheiro, a infiltração de agentes secretos também faz parte da batalha. Um bom exemplo é a Operação Juno da DEA, que terminou em 1999. A DEA realizou uma operação de infiltração de agentes na qual os agentes deram dinheiro aos traficantes de drogas para lavagem de dinheiro. Agentes disfarçados da DEA fizeram acordos com traficantes de drogas para converter dólares de drogas em pesos colombianos usando o mercado negro de câmbio da Colômbia. A operação resultou na prisão de 40 pessoas e na apreensão de US$ 10 milhões (R$ 2 milhões) em dinheiro de drogas e 3.600 quilos de cocaína.
Cooperação global
Apesar dessas vantagens, a verdade é que nenhum país tem o poder de prevenir a lavagem de dinheiro – se um país é anti-lavagem de dinheiro, os criminosos simplesmente procurarão em outro lugar. A cooperação global é essencial. A organização internacional mais proeminente a esse respeito é provavelmente a Força-Tarefa de Ação Financeira (FATF), que em 2005 incluía 33 estados membros e organizações internacionais registradas, incluindo o Brasil. A FATF emitiu as “40 Recomendações para Bancos”, que mais tarde se tornaram os Padrões Anti-Lavagem de Dinheiro. As recomendações incluem:
- identificar depositantes e estudar seus históricos
- denunciar qualquer atividade suspeita, por exemplo, se o histórico mostrar que o depositante trabalha em uma siderúrgica e deposita US$ 2.000 a cada 15 dias, uma série de 10 depósitos de US$ 9.000 por 2 semanas deve acionar um sinal vermelho.
- criar um grupo de trabalho interno para identificar os indícios de lavagem de dinheiro
Recomendações
As “recomendações” são na verdade mais regras do que dicas. A FATF mantém uma lista de “países não cooperantes” ou países que não implementaram as recomendações. A FATF incentiva seus membros a não discutir questões financeiras com esses países.
Outras organizações globais que combatem a lavagem de dinheiro incluem as Nações Unidas, o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e grupos menores, como o FATF do Caribe e o Grupo Ásia-Pacífico sobre Lavagem de Dinheiro.
Embora os esforços globais estejam lentamente trazendo mudanças na indústria de lavagem de dinheiro, o problema é enorme e os lavadores de dinheiro estão ganhando muito dinheiro. Países com leis de sigilo bancário que dão vantagens legais a depositantes honestos, dificultam muito o rastreamento da transferência de dinheiro para o exterior. Em 2005, a FATF reduziu a lista de países não cooperantes de 15 para apenas dois (Mianmar e Nigéria), contudo. Pelos padrões, este é um sinal significativo de progresso. Somente uma maior conscientização e cooperação globais podem impedir o sucesso da indústria de lavagem de dinheiro.
Contas CC5 para lavagem de dinheiro do Brasil
Entre 1998 e 2002, os promotores brasileiros encontraram várias empresas usando as chamadas contas CC5 para lavagem de dinheiro. Contas que permitiam a transferência de dinheiro (reais) para o exterior, foram constituídas em 1969.Brasileiros que vivem fora do Brasil, empresas exportadoras e financeiras com conexões no exterior são o público-alvo dessas contas. Assim, é possível transferir uma determinada quantia de reais convertidos em dólares para outros países. E os dólares convertidos em reais podem ser resgatados no exterior sem autorização prévia do Banco Central do Brasil. Em princípio, a norma não é nada ilegal, afinal o Brasil participa intensamente do comércio exterior e muitos brasileiros moram no exterior, por exemplo intercambistas. Vários funcionários e políticos famosos, juntamente com seus assessores, usaram contas para transferir fundos em um país estrangeiro e fraudar o tesouro, limpando assim seus nomes.
De acordo com o Ministério Público, R$ 124 bilhões foram movimentados pelos canais CC5 de meados da década de 1990 até 2000, que pode não ser resultado de repasses ilegais.
O sistema com CC5 geralmente era feito com “laranjas”. Geralmente, as pessoas usam o nome de “Laranjas” para desviar o dinheiro de outras pessoas. Existem também empresas “laranjas” criadas artificialmente para facilitar o desvio.
Acusados de usar contas CC5
Entre os famosos acusados de lavagem usando CC5 está Paulo Maluf, ex-prefeito de São Paulo e deputado federal eleito em 2006. Acusam o ex-prefeito de ter desviado cerca de R$ 500 milhões para a construção da Av. Água Espraiada. O ministério federal apurou em um de seus relatórios que uma das empresas envolvidas na obra enviou US$ 6,8 milhões ao exterior por meio da CC5, que depois repassou para contas de Maluf em paraísos fiscais. Não foi enviado para o exterior toda a quantia desviada.
Outro caso é o do Banco Nacional, que deixou um déficit de R$ 6 bilhões em 1996, e teria usado seu sócio uruguaio Interbanco por meio do CC5.
Alguns corruptos usaram o mesmo “laranja” para transferir dinheiro para o exterior. O juiz Nicolau dos Santos Neto, conhecido como Lalau. A construção da sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo teve um desvio de R$ 196 milhões, e a pessoa responsável foi condenada a 26 anos de prisão. Usou certas contas de Pedro Paulo Velasquez Romero, posteriormente confirmadas pelas investigações como um “nome fantasma”, criado pelos grupos que apresentaram o plano. O mesmo Pedro Paulo Romero ajudou o sócio do ex-senador e deputado federal Jader Barbalho, eleito em 2006. Pelo menos R$ 110 milhões são enviados ao exterior por Osmar Borges. A Superintendência da Amazônia (Sudam) deveria aplicá-los em projetos agrícolas financiados.
Mudança nas regras
Após uma série de casos de desvio, o Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou as regras das contas CC5 em 2005. Limitando o acesso e ampliando o controle sobre o dinheiro enviado. Quanto aos acusados de lavagem de dinheiro, dois (Jader Barbalho e Paulo Maluf) passaram alguns dias presos. Depois que a Justiça decretou prisão temporária. lançados e eleitos em 2006 como deputados federais de seus estados (Paráo e São Paulo). O juiz Nicolau dos Santos Neto foi preso por lavagem de dinheiro. Entre outros crimes, passou um tempo na prisão e depois foi solto, alegando estar deprimido, mas voltou para a prisão em julho de 2007. Onze executivos do Banco Nacional, incluindo fiscais bancários, receberam condenações de prisão, mas tiveram suas penas comutadas para serviços comunitários.
Referência – IGF intelect